Enfim começou a vacinação contra a Covid-19! Discussões, erros e filas furadas à parte, vamos comentar o que julgamos importante: existem diferenças entre as vacinas? Causariam efeitos colaterais graves? O fato de ser aplicada no atleta pode atrapalhar a performance? Quando fará efeito? Ah, e qual a melhor? Essa pergunta tem uma resposta geral: neste momento, vamos tomar a que estiver disponível pelas autoridades locais. A análise é do médico Nabil Ghorayeb, cardiologista do HCor, doutor em Cardiologia na FMUSP, chefe de CardioEsporte do Instituto Dante Pazzanese, Prêmio Jabuti de Literatura, Ciência e Saúde
Temos apenas duas vacinas e que são preparadas com o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), princípio ativo das vacinas produzido na China, feito com pedaços de vírus atenuado ou morto exatamente como é a vacina contra a gripe Influenza (conhecida como gripe espanhola); e, pelo que se conhece, precisará ser repetida sua aplicação de tempos em tempos.
A CoronaVac do Butantã necessita do reforço da segunda dose após mais ou menos 21 dias da primeira dose, e em seguida devemos esperar 14 dias para termos a proteção imunológica completa, que evitará internações em quase 80% dos que se contaminarem como também evitará mortes em 100% dos casos. Esse é o papel atual dessa vacina.
A programação brasileira com ambas as vacinas é aplicar primeiro nos profissionais da saúde, que estão no dia a dia atendendo os pacientes, e depois nos indivíduos vulneráveis, idosos internados em asilos e assim por diante. Em relação ao futuro não sabemos quais outras vacinas teremos. Mas TODOS devemos tomar a vacina oferecida e lembrar que as medidas preventivas devem ser mantidas, como uso das máscaras, higiene das mãos, afastamento seguro evitando aglomerações.
Esportistas e atletas devem aguardar uns dois a três dias sem atividades físicas depois de tomar a vacina. Esse é o período quando poderão aparecer alguns leves efeitos colaterais, como dores no local da aplicação, dor de cabeça, discreta febre e dores musculares sem importância. Pode e deve tomar a vacina mesmo o praticante de atividade física que tem comorbidades clínicas ou antecedentes de infarto do miocárdio, cirurgia cardíaca, angioplastia das coronárias e outros vasos sanguíneos, acidente vascular cerebral, marca passo e outras próteses. Os não praticantes de exercícios também podem e devem, é claro. Após passado esse período de três dias, o retorno ao esporte é garantido e não haverá nenhum prejuízo à performance ou desempenho esportivo.
Casos raros de alergias à vacina podem acontecer, como ocorrem nas vacinações contra a gripe influenza. Se você for um desses alérgicos, converse com seu médico. Mas tenha em mente, de forma clara, que não há relatos ou desconfianças em relação a algum risco de perda de performance para atletas. Esse risco não existe. A segurança e a eficácia das vacinas estão bem destacadas nas pesquisas feitas. As vacinas são, portanto, seguras para o público em geral. Incluindo atletas. Tanto que nós, médicos, estamos sendo vacinados com total eficiência e confiança nos objetivos de nos proteger da terrível Covid-19. (Nabil Ghorayeb/Globo Esporte)