Na última terça-feira, o atual presidente do Vasco, Alexandre Campello, e seu sucessor com posse prevista para a próxima semana, Jorge Salgado, foram à CBF para encontro com Rogério Caboclo, mandatário da entidade máxima do futebol brasileiro. Além de tratar da transição de poder em São Januário, o encontro teve como objetivo o reconhecimento do Torneio Rivadávia Corrêa Meyer, conquistado pelo Vasco em 1953 e organizado pela CDB (antiga Confederação Brasileira de Desportos), como Torneio Intercontinental de Clubes.
Até o Mundial de Clubes passar a ser organizado anualmente pela Fifa, em 2005 (houve uma edição antes em 2000), os campeões da Libertadores e da Champions League se enfrentavam na Copa Intercontinental, que foi disputada entre 1960 e 2004. O Vasco deseja que o Torneio Rivadávia Corrêa Meyer tenha esse mesmo reconhecimento. Em 2017, a Fifa anunciou que os vencedores da Copa Intercontinental seriam reconhecidos como campeões mundiais.
Campello e João Ernesto Ferreira, vice de relações especializadas do Vasco, encaminharam ofício à CBF para obter tal reconhecimento. O Rivadávia Corrêa sucedeu a Copa Rio, conquistada por Palmeiras e Fluminense, dois clubes que também querem o tratamento de campeão mundial. Realizado de 7 junho a 4 de julho de 1953, o torneio reuniu oito clubes divididos em duas chaves.
Botafogo, Fluminense, Vasco e o escocês Hibernian integraram o Grupo do Rio de Janeiro. Corinthians, São Paulo, o paraguaio Olímpia e o português Sporting compuseram a chave paulista. O clube de São Januário passou às semifinais com vitórias sobre os rivais cariocas, ambas por 2 a 1, e um empate com o representante da Escócia.
Na semifinal, o Vasco tirou o Corinthians com vitórias por 4 a 2 e 3 a 1. Na decisão, outras duas vitórias: 1 a 0 e 2 a 1 contra o São Paulo. Pinga foi o artilheiro da competição, com seis gols marcados.
– O sucesso da Copa do Mundo de 1950 lançou o Brasil no cenário mundial. E, na esteira daquele Mundial, foram organizados torneios internacionais envolvendo clubes de todo o mundo. Nosso Centro de Memória possui em seu acervo documentos, imagens, artigos, jornais da época, ingressos, divulgação midiática e até mesmo o Regulamento Oficial da disputa, material que comprova a dimensão e a importância do Torneio. Com todo a documentação, encaminhamos à CBF um ofício solicitando que ela encaminhasse à Fifa o nosso pleito – explicou João Ernesto, que presenteou Rogério Caboclo com um livro sobre a história do título vascaíno.
João Ernesto, último à direita, Alexandre Campello e Jorge Salgado foram à CBF para tentar reconhecer o Vasco como campeão do mundo — Foto: Site oficial do Vasco
O ofício do Vasco, composto por sete páginas, se inicia da seguinte maneira: “O Club de Regatas Vasco da Gama, pelos motivos que se seguem, solicita que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que VSa tão dignamente preside, promova encaminhamento à Fédération Internationale de Football Association (FIFA) no contexto do reconhecimento do Torneio Internacional Rivadávia Corrêa Meyer, de 1953, como Torneio Intercontinental de Clubes”.
Na parte final do documento assinado pelo presidente Alexandre Campello, o Vasco cita o reconhecimento por parte da CBF dos times que conquistaram a Taça Brasil e o Torneio Roberto Gomes de Pedrosa como campeões brasileiros. Antes disso, considerava-se que o primeiro Campeonato Brasileiro havia sido disputado em 1971. (Globo Esporte)