O zagueiro Dedé entrou com um processo trabalhista contra o Cruzeiro no último dia 04 de janeiro. O jogador, que tem contrato até o fim do ano com a Raposa, alegou “falta grave do empregador” e requereu o reconhecimento do fim do vínculo, com a declaração de rescisão indireta. Mas teve o pedido negado pela Justiça. O valor da causa é de R$ 35.258.058,64.
A ação do jogador foi distribuída no último dia 04 de janeiro à 48ª Vara do Trabalho. O defensor requereu uma tutela antecipada para reconhecimento do fim do vínculo com o Cruzeiro, por alegar “falta grave do empregador”. Entretanto, o juiz titular, Marco Antônio Ribeiro Muniz Rodrigues, negou provimento.
Na última sexta-feira, outro juiz, Danilo Siqueira de Castro Faria, manteve a decisão anterior, após recurso do Cruzeiro e citou o clube para apresentar defesa em até 15 dias. O clube mineiro informou que não irá se pronunciar sobre a ação.
Os pedidos trabalhistas de Dedé
Na petição inicial, o jogador alega que está com 10 meses de salário em atraso “referente ao fraudulento contrato de cessão e uso de imagem” (R$ 300 mil mensais), além de seis meses sem receber de salários fixos na carteira (R$ 450 mil mensais) e mais quatro meses sem receber o depósito do FGTS.
Na tabela apresentada, somente de atrasados salariais do Cruzeiro, contando os direitos de imagem, são R$ 13.782.000 em atrasos com o jogador. De 13º atrasado, Dedé cobra R$ 1,032 milhão e mais R$ 1.045.333,32 sobre férias.
Dedé também aponta ainda o detalhamento dos atrasos salariais e também de atrasados ainda de 2019, ano do rebaixamento do clube.
“Período compreendido entre maio de 2019 a agosto de 2019, do período de setembro de 2019 e dezembro de 2019, NADA pagou ao Reclamante, sequer o 13º salário do ano de 2019 e, de janeiro a fevereiro de 2020, pagou valores parciais, de março à dezembro de 2020, efetivou apenas o pagamento de 3 (três) parcelas de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), sem especificar ao menos a que meses em aberto se referiam as citadas parcelas”.
Em 2019, conforme tabela apresentada, o Cruzeiro começou a não pagar integralmente Dedé no mês de maio. Até agosto, do salário de R$ 668 mil mensais, foram depositados R$ 420 mil. Nenhum valor passou a ser depositado a partir de setembro.
Com aumento salarial no ano passado, com a remuneração pulando para R$ 750 mil mensais, Dedé recebeu dentro do teto estabelecido (R$ 150 mil) entre janeiro e fevereiro. Depois disso, novamente os atrasos salariais ocorreram, segundo tabela apresentada.
Sobre os recolhimentos de FGTS, segundo a defesa de Dedé, não houve recolhimentos no período entre maio e dezembro de 2019, nem entre julho e dezembro 2020. Segundo ele, houve apenas recolhimentos parciais entre janeiro e junho de 2020. Somados os depósitos atrasados em relação aos salários chegam a R$ 704.400. O zagueiro ainda cobra R$1.053.658,66 de FGTS em relação a direitos de imagem, valor fora da carteira de trabalho.
Dedé ainda pede R$ 10,5 milhões a título de cláusula compensatória “em decorrência da rescisão indireta do contrato de trabalho por culpa exclusiva da Reclamada (atraso nos salários –mora contumaz configurada)”
Danos Morais
No processo movido por Dedé, a defesa do jogador ainda pede R$ 3,75 milhões por danos morais. Para isso, cita declarações de ex-dirigentes do clube para tentar comprovar que elas “só possuem o condão de jogar a torcida do Clube com o Atleta”. São citadas declarações do ex-superintendente jurídico, Kris Brettas, de que o clube estava estudando o contrato do jogador, verificando possibilidades legais de afastamento do atleta.
Dedé, zagueiro do Cruzeiro, recebeu pela última vez no primeiro semestre do ano passado, segundo a defesa — Foto: Vinnicius Silva / Cruzeiro
Também é incluída uma declaração do ex-presidente da Raposa, Wagner Pires de Sá, em um vídeo vazado na internet. O zagueiro também inclui, no pedido, o fato de não estar recebendo em dia.
– Ele ganhou mais de 50 milhões de reais sem jogar e se vender não vende, primeiro que ele é todo f… e não passa no exame médico
Dedé passou por cirurgia no joelho esquerdo no começo do ano passado, após tentar tratamento convencional desde outubro de 2019. O procedimento e a recuperação foram feitas de forma particular, fora da Toca da Raposa. Desde então, o jogador não atua pelo Cruzeiro. (Globo Esporte)