A Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso encaminhou ao Ministério Público Estadual (MPE) o inquérito que apura o feminicídio de Domingas Cecília da Silva Oliveira, de 49 anos, assassinada pelo ex-namorado no caminho para o trabalho, em Cuiabá, no dia 19 de dezembro. Os familiares relatam a dor da perda e contam que Alecino não aceitava a separação.
Domingas deixou três filhos, irmãos e o pai, de 70 anos.
Rosa da Silva Oliveira, irmã da vítima, conta que Alecino já era violento com Domingas.
“Ele não aceitava a separação e achava que era dono dela. Acreditava que estava na razão. Foi quando a gente conheceu quem ele realmente era. Começaram as brigas, as agressões. Então ela procurou a Justiça”, relata Rosa.
Mulher é morta à facadas pelo ex-companheiro em Cuiabá (MT)
Renan Oliveira, filho de Domingas, fala que a mãe era o alicerce da família e o grande apoio nos projetos dele.
“Hoje eu dou aula de karatê em projetos sociais para crianças vulneráveis e isso é por causa dela. Sem ela, não tenho vontade de fazer mais nada, a não ser procurar justiça”, afirma.
Renan relata que desde a morte da mãe, só conseguiu entrar duas vezes no quarto dela e que as coisas ainda estão como ela deixou.
“Não consigo olhar para tudo isso, sabendo que não vou ter mais o afeto dela. O que me marca até hoje foi quando eu contei para minha irmã mais nova o que tinha acontecido. Ela perguntou para mim: O que vai ser da gente? E eu não consegui responder, estava sem chão”, conta.
Em choque, os filhos não conseguiram mais voltar a morar na casa de Domingas.
O ex-companheiro, Alecino de Santana, de 40 anos, foi preso no mesmo dia.
Poucas horas antes do assassinato, Alecino pulou para o quintal do prédio onde ela morava e ficou esperando por ela em uma cadeira. Uma vizinha encontrou e mandou o homem ir embora. Ele chegou a sair pelo portão , ficou esperando por Domingas na rua.
Só depois do crime é que os familiares souberam que o ex-companheiro vinha a ameaçando de morte.
“Aí que o coração foi esmagado, chutado. Eu estava todo tempo aqui e ela nunca falava. Mais uma vez ela quis nos proteger, mas dessa vez protegeu com a vida”, lamenta Renan.
O filho faz um apelo e pede às mulheres que passam por violência doméstica que não guardem as ameaças.
“Procurem ajuda. Hoje minha família sofre, porque minha mãe tentou me proteger”, conclui.
O suspeito perseguiu a vítima de bicicleta antes de matá-la — Foto: Divulgação