No Estado de Mato Grosso, a área derrubada somou 1.767 quilômetros quadrados, só perdendo para o Pará (5.192 km2).


Ao todo, a Amazônia teve 11.088 km2 devastados. É a maior área desde 2008, quando o Prodes apontou 12.911 km².


Na porção mato-grossense, no entanto, houve redução nesse período de 12 anos, quando o Estado somava 3.258km2 derrubados.


Contudo, em comparação a 2019, Mato Grosso contabilizou um aumento de 4%, atingindo 1.702 km2 de retirada da cobertura vegetal.


Em toda a região amazônica, foram desmatados 10.129 km², o que representa aumento de 9,5% em relação ao ano passado.


Os dados do Inpe foram atualizados na segunda-feira (30), por meio do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes).


Segundo o Inpe, o Pará concentrou 5.192 km² desflorestados entre 2019 e 2020, o equivalente a 46,8% do total de florestas derrubadas no período.


Em seguida, aparecem Mato Grosso, com 1.767 km² (15,9%), e o Amazonas, com 1.521 km² (13,7%).


A taxa de desmatamento acumulada no Pará é a maior entre os demais estados, de 34,46%, totalizando 157,7 mil km² de florestas derrubadas desde 1998.


Na vice-liderança também ficou com Mato Grosso, com 32,34% do desmatamento acumulado, somando 147,9 mil km². Rondônia, em terceiro lugar, contabiliza 13,76%, com 63,9 mil km² desmatados.


O Amapá ficou na lanterna com 0,37%, o equivalente a 1,7 mil km² desmatados.


Dentre as 10 terras indígenas mais afetadas, duas estão localizadas no Estado, sendo elas, a Urubu Branco, localizada em Confresa (1.160 km a Nordeste de Cuiabá) e a Manoki, em Brasnorte (580 km a Noroeste da Capital), que ocupam a 7ª a 8ª posição do ranking do desflorestamento, respectivamente.


Os números tratam-se dos primeiros do Inpe durante o Governo de Jair Bolsonaro e coincidem com o período do envio das Forças Armadas para a região, por meio do decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).


A operação, denominada “Verde Brasil 2” emprega anualmente o orçamento anual do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão de fiscalização ligado ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.


Em um polêmico vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, Salles chegou a sugerir para o governo deixar “passar a boiada” na flexibilização de leis ambientais enquanto a mídia estava preocupada com a pandemia de Covid-19. Ao comentar os dados do Inpe, em São José dos Campos (SP), o vice-presidente Hamilton Mourão, minimizou o aumento do desmatamento durante o governo Bolsonaro.


Além disso, contou que o Conselho da Amazônia, presidido por ele, trabalha em um planejamento para tentar manter a fiscalização com os recursos existentes. “Principalmente, a partir do momento em que as Forças Armadas se retirarem no final de abril, essa é a nossa preocupação, de termos um planejamento com, vamos dizer, com os meios existentes. Porque não adianta a gente querer achar que teremos outros meios, porque não iremos ter”, afirmou o vice-presidente a jornalistas.


Para o Observatório do Clima, a taxa oficializa que o Brasil descumpriu a meta da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), a lei nacional que preconizava uma redução da taxa a um máximo de 3.925 km2 para este ano. “O país está 180% acima da meta, o que o põe numa posição de desvantagem para cumprir seu compromisso no Acordo de Paris (a NDC) a partir do início do ano que vem”, informou.


“Desde sempre, quando o desmatamento sobe, a gente fica se perguntando o que deu errado nas tentativas de controle do crime ambiental. Desta vez, a gente sabe que a alta aconteceu porque deu tudo certo para o governo”, diz Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima acrescentando que “esse projeto de destruição tão bem executado custará caro ao Brasil”.


Vale lembrar que esses números fazem parte de uma segunda estimativa do levantamento realizado desde 1988. A taxa consolidada será apresentada no primeiro semestre de 2021.


PLANO 

Na terça-feira (1º), o Governo de Mato Grosso deu início à elaboração do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e Incêndios Florestais (PPCDIF/MT), que irá nortear as ações do Estado pelos próximos quatro anos, de 2021 a 2024.


Além das secretarias de Meio Ambiente (Sema) e Segurança Pública (SESP), a elaboração da estratégica conta com parcerias de instituições como Ministério Público Estadual e entidades de terceiro setor.


“A construção participativa é fundamental para que tenhamos êxito em nossas ações que têm como objetivo reduzir o desmatamento no Estado. Este plano, além de ser o direcionador de todas as ações do Estado, é também o instrumento que utilizamos para captação de recursos, como do Programa REM e do Fundo Amazônia/BNDES ”, informou, por meio da assessoria, o secretário- adjunto Executivo da Sema, Alex Marega.