Principal nome do Boca Juniors, Carlos Tévez reencontrará o Inter na noite desta quarta-feira depois de 15 anos. O ídolo argentino chega para o primeiro duelo das oitavas de final da Libertadores em uma ótima fase, que contrasta com a vida pessoal fora do campo, abalada pela morte do amigo Diego Maradona e pelo estado de saúde do pai de criação.

O camisa 10 não atua há 17 dias, desde que o Boca perdeu por 1 a 0 para o Talleres, na primeira derrota do time na temporada. Após a partida, ele relevou em uma emotiva entrevista à ESPN da Argentina que vive um drama familiar com o pai, internado.

Segundo Raimundo Tévez foi hospitalizado em agosto e ficou sob cuidados intensivos durante cerca de 45 dias, após contrair Covid-19. Recebeu alta no início de setembro, mas voltou a ser internado após algumas complicações, sem muitas informações sobre seu estado de saúde.

– É muito duro, muito duro. Tenho sensações muito complicadas. Por um tempo estou bem, mas, às vezes, no intervalo, começo a chorar. São momentos difíceis, que não consigo explicar – disse Tévez.

Quando retornaria ao time, na última quarta-feira, Carlitos sofreu novo golpe: a morte de Diego Maradona (que resultou no adiamento da partida com o Inter). A dupla trabalhou junta na Copa do Mundo de 2010 na África do Sul e nutria uma relação estreita.

El Apache, como é conhecido em alusão ao bairro onde nasceu, na periferia de Buenos Aires, esteve no velório de Maradona na madrugada de quinta-feira. De luto, ficou de fora da vitória por 2 a 0 sobre o Newell’s Old Boys no domingo passado. Mas, segundo a imprensa argentina, retorna ao time nesta quarta e prepara uma homenagem para o camisa 10 argentino.

Boa fase no Boca

As agruras fora do futebol contrastam com o que Tévez tem feito em campo pelos xeneizes. O jogador de 36 anos recuperou o brilho que o levou a defender clubes como Manchester City, Manchester United e Juventus na Europa.

Na terceira passagem por La Boca, após um início oscilante e a derrota da final da Libertadores para o rival River Plate, o atacante recuperou o protagonismo. Principalmente com a chegada do técnico Miguel Ángel Russo à Bombonera.

Carlitos pelo Boca

  • 253 jogos
  • 89 gols
  • 20 gols na Libertadores

Tévez foi o grande nome na arrancada ao título argentino e da campanha na fase de grupos da Libertadores. Desde que o futebol retornou no país, disputou sete partidas e anotou quatro gols.

Carlitos, aliás, persegue recordes. Está em terceiro no ranking de artilheiros do clube pela Libertadores, com 20 gols, só atrás de Riquelme (25) e Martín Palermo (23). É o jogador mais novo e mais velho a marcar pelo Boca no torneio. No total, soma 253 partidas e 89 gols pelos xeneizes.

Reencontro com o Inter

Dois desses jogos foram contra o Inter. O dono da mítica camisa 10 azul e ouro começou a atravessar o caminho colorado em 2004 durante a Copa Sul-Americana.

Na ocasião, ajudou o seu time a despachar os então comandados de Muricy Ramalho na semifinal, ao vencer por 4 a 2 na Bombonera e segurar o empate em 0 a 0 no Beira-Rio. O time de La Boca seria o campeão daquela edição do torneio.

Em 2005, Tévez foi a maior contratação do futebol brasileiro. Impulsionado pelo dinheiro do fundo de investimento Media Sports Investments (MSI), o Corinthians tirou o argentino do Boca por US$ 22,5 milhões à época.

Tévez ajudou o Corinthians a ganhar o Brasileirão em 2005 — Foto: SEBASTIÃO MOREIRA/AGÊNCIA ESTADO

Tévez ajudou o Corinthians a ganhar o Brasileirão em 2005 — Foto: SEBASTIÃO MOREIRA/AGÊNCIA ESTADO

O estilo aguerrido, o talento, os gols e a comemoração dele com a cumbia, gênero musical que aprecia, o alçaram ao posto de ídolo da Fiel. Carlitos liderou o Timão para conquistar o polêmico Brasileirão de 2005, marcado pela anulação de 11 jogos.

A “decisão” do torneio foi justamente com o Inter. Em 20 de novembro, as duas equipes se enfrentaram no Pacaembu. A partida era válida pela 40ª rodada do nacional (o campeonato tinha 22 participantes). Uma vitória gaúcha deixaria os times empatados.

Tévez contra o Inter
  • 3 jogos
  • 1 vitória
  • 2 empates
  • 1 gol marcado
  • 1 classificação na Sul-Americana

Empurrado pela torcida, o Corinthians abriu o placar. Aos 37 minutos do primeiro tempo, Carlos Alberto cruzou rasteiro da direita. Alex tentou cortar, mas desviou, enganou Clemer e deixou o camisa 10, quase em cima da linha, pronto para marcar.

Na etapa final, o Inter empatou cedo. Logo aos três, Perdigão tocou para Rafael Sobis, que deixou tudo igual. Vinte e cinco minutos depois, veio o lance que os colorados até hoje não esquecem. E que poderia ter mudado os rumos da competição.

Acionado por Perdigão, Tinga tentou driblar Fábio Costa, mas foi atropelado pelo goleiro dentro da área. O árbitro Márcio Rezende de Freitas não só não marcou o pênalti como apresentou o segundo amarelo e expulsou o meia por simulação.

O jogo acabou empatado. O Corinthians ficaria com 78 pontos, contra 75 do Inter, e administraria a vantagem para ser campeão (81 a 78). Carlitos foi eleito o craque do Brasileirão.

Amizade com D’Alessandro

A supremacia sobre o Inter no início dos anos 2000 também se impõe diante de D’Alessandro. Amigos fora de campo, o craque xeneize alimenta uma rivalidade com o compatriota há quase duas décadas. Os dois se cruzam desde 2002, no superclássico Boca x River.

Tévez está invicto nas quatro partidas, com duas vitórias e dois empates. Ainda soma dois gols, contra um de D’Ale. Juntos pela seleção da Argentina, conquistaram os Jogos Olímpicos de Atenas em 2004. O meia colorado falou sobre duelo com o amigo.

Tévez x D’Alessandro

JogoDataQuem marcou?
River Plate 1 x 2 Boca Juniors27/10/2002
Boca Juniors 2 x 2 River Plate01/06/2003D’Alessandro
Boca Juniors 0 x 0 River Plate24/04/2016
River Plate 2 x 4 Boca Juniors11/12/2016Tévez (2)
– Minha relação com Tévez é boa. A distância nos separou um pouco. Jogamos muito tempo, ganhamos a Olimpíada. Nos enfrentamos em muitos Boca x River. Fico feliz que tenha recuperado o futebol. Representa muito ao Boca, ao futebol argentino. Todos o conhecem. É decisivo – elogiou.

Inter e Boca se enfrentam a partir das 21h30, no Beira-Rio, no jogo de ida das oitavas de final da Libertadores. A partida de volta está marcada para a quarta-feira da próxima semana, na Bombonera, em Buenos Aires.

INTER X BOCA JUNIORS – OITAVAS DA FINAL DA LIBERTADORES

  • Local: Beira-Rio, em Porto Alegre.
  • Data e horário: quarta-feira (2), às 21h30 (de Brasília).
  • Escalação provável do Inter: Marcelo Lomba; Heitor, Moledo, Zé Gabriel e Uendel; Rodrigo Dourado, Patrick, Nonato (Rodrigo Lindoso) e D’Alessandro; Yuri Alberto e Thiago Galhardo.
  • Desfalques: Rodinei e Cuesta (suspensos), Abel Braga, Edenilson, Matheus Jussa e Caio Vidal (Covid-19); Johnny e Moisés (lesão na coxa); Abel Hernández (lesão muscular); Boschilia, Saravia e Paolo Guerrero (lesão no joelho direito).
  • Escalação provável do Boca Juniors: Andrada; Buffarini, Lisandro López, Izquierdoz e Frank Fabra; Campuzano, Capaldo, Sebastian Villa, Eduardo Salvio e Edwin Cardona; Carlitos Tévez.
  • Desfalques: Walter Bou e Aaron Molinas
  • Arbitragem: Esteban Ostojich apita a partida, auxiliado por Richard Trinidad e Carlos Barreiro (trio uruguaio). O colombiano Nicolas Gallo será o responsável pelo VAR.
  • Transmissão: O ge acompanha todos os lances em Tempo Real.

(Globo Esporte)