Crianças preparadas para um mercado de trabalho cada vez mais competitivo e um mundo globalizado. Tal desafio inquieta os pais ao matricularem os filhos na educação básica. E isso inclui, claro, o ensino de línguas. O que antes era uma tendência, atualmente pode ser considerada uma realidade.

Dados da Associação Brasileira do Ensino Bilíngue (Abebi) indicam um aumento entre 6% e 10% no segmento de escolas bilíngues do país nos últimos cinco anos. Conforme o Ministério da Educação (MEC), o Brasil possui aproximadamente 40 mil escolas privadas, 21% do total das 184 mil unidades de ensino brasileiras. A Abebi aponta que cerca de 3%, algo em torno de 1,2 mil instituições, possuem algum programa de educação bilíngue.

O ensino de inglês para crianças brasileiras começou nos anos 80 e, desde então, o número de colégios com esse idioma no currículo só cresce. Para o MEC, são consideradas bilíngues inclusive escolas para surdos e indígenas. A Organização das Escolas Bilíngues de São Paulo (OEBI) classifica na categoria, segundo seu estatuto, escolas cuja carga horária seja de no mínimo 50% em língua estrangeira no ensino fundamental e 25% no ensino médio.

Algumas instituições têm iniciativas, como atividades, aulas de inglês ou de línguas estrangeiras, enquanto outras são totalmente bilíngues. “A diferença está no currículo, uma das diferenças da educação bilíngue é ensinar o estudante a pensar em dois idiomas. Pessoa bilíngue é aquela que fala, pensa e raciocina em dois idiomas, transitando nesses ambientes com fluência, sem esforços ou traduções”, explica a pedagoga Danielle Stefanini. Entretanto, uma pesquisa do Conselho Britânico revela que somente 1% da população brasileira é realmente fluente em inglês.

Idioma de acesso, o inglês é a opção mais procurada por pais que buscam escolas bilíngues. No entanto, seja qual for a segunda língua, o fundamental é que a escola cumpra a carga horária mínima exigida pelo MEC, além da orientação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O documento reforça que o segundo idioma deve contribuir para desenvolver habilidades que vão além da leitura, interpretação e resolução de problemas.

Para a educadora Marcia Amorim Pedr´Angelo, o sistema de imersão em uma segunda língua possibilita aprender com mais naturalidade. “São aulas que abordam os mais diversos temas, falam sobre cultura, geografia, comportamento, além claro, a gramática daquele país. Quando a criança começa ainda pequena a ter contato com um outro idioma, a memorização e a aprendizagem são mais fluídas”, pontua ela.

Nas escolas do grupo Toque de Mãe, que adotam o bilinguismo, até mesmo a organização das salas de aula permitem diferentes modelagens para promover maior interação dos estudantes. As mesas e cadeiras são dispostas em círculos, formato U, duplas ou grupos, e as turmas não passam de 20 alunos, o que possibilita trabalhar de forma cooperativa. “A opção por um ensino intimista combinada com o que é proposto pelo ensino globalizado, aumenta o nível de produtividade da criança e sentimento de pertencimento”, observa Marcia. Na prática, o contato com a língua inglesa nas escolas do grupo é diário e com carga horária de 10 aulas semanais, uma exposição recomendada em instituições bilíngues para o domínio do segundo idioma ao longo da construção educacional.
Segundo os servidores públicos Ricardo e Janete Porto, pais de Gabriela e Marina, o incentivo ao aprendizado do segundo idioma sempre foi prioridade. Janete fez doutorado na área de saúde e comenta que ler, escrever, falar e compreender em outro idioma são requisitos para avançar na carreira. “Quando escolhemos a escola para nossas filhas, o critério bilinguismo foi determinante. Queríamos pedagogia, afetividade, tecnologia e, claro, a possibilidade do aprendizado do inglês de forma mais natural e verdadeira”, acrescenta Janete.

Segundo a estudante universitária Maria Freire, a fluência no inglês lhe ampliou as possibilidades de estudo e trabalho. Apesar de não ter estudado em escola bilíngue, pois à época pouco era ofertado neste quesito na rede de ensino, concluiu o curso completo em uma franquia de ensino do inglês. “Mas em casa, meu tio que é professor de inglês só falava comigo neste idioma, o que fez a diferença para meu aprendizado”. Maria terminou o ensino médio e estudou o aperfeiçoamento do inglês nos Estados Unidos. Após passar para Direito na UFMT, concilia o estudo com o estágio. “Leio os livros em inglês, quando estes são originais deste idioma. Já penso em mestrado em outros países. A minha indicação é estudar em escola bilíngue desde muito cedo, o que certamente vai facilitar o aprendizado e a fluência será muito mais fácil de se adquirir”, finaliza ela