Na manhã desta sexta-feira (27), o São Paulo utilizou suas plataformas e redes sociais para divulgar seu posicionamento oficial acerca da polêmica partida contra o Ceará, marcada por uma confusão de grandes proporções que poderia acabar tendo seu desfecho somente nos tribunais. Este, no entanto, não será o caminho adotado pelo Soberano.
Como destaca o Globoesporte, o Tricolor Paulista afirmou que não tentará buscar a anulação da partida por não querer “se beneficiar do que teria sido um erro. Nos orgulhamos de nossa história incontestável e sem asteriscos, e assim a manteremos”. A tese que sustentaria uma hipotética reivindicação do Soberano pela anulação da partida seria o ‘erro de direito’ cometido pelo árbitro Wagner do Nascimento Magalhães, um descumprimento da regra, de voltar atrás em uma marcação após autorizar o reinício do jogo.
A primeira versão sustentada pela CBF foi de falha na comunicação envolvendo juiz de campo e VAR. Havia, no entanto, um enorme burburinho acerca da possibilidade do São Paulo buscar as vias jurídicas por enxergar uma brecha no procedimento, caminho definitivamente rechaçado pelo clube do Morumbi em longa nota oficial divulgada hoje. O clube, no entanto, fez duras cobranças à CBF e ao seu Comitê de Arbitragem.
Leia, na íntegra, a nota publicada pelo São Paulo:
“Jogamos futebol porque acreditamos nesse esporte como meio de atingir a felicidade. O futebol é, no Brasil, a maior expressão do povo brasileiro. E este esporte, os clubes de futebol e os campeonatos só existem por causa da paixão – para quem não sabe, é disso que o futebol é feito e é isso que o mantém vivo, de geração para geração.
Ocorre, no entanto, que acontecimentos como o presenciado nesta quarta-feira (25), na Arena Castelão, em nossa partida contra o Ceará, estão ferindo e fazendo sangrar, dia após dia, a paixão pelo futebol.
O São Paulo deixa claro que sabe que houve impedimento no lance e que a decisão correta seria a anulação do gol, mas alerta que isso não implica na inexistência do indiscutível erro de direito que veio a seguir e que justifica esta nota.
O erro da arbitragem foi algo acima de interpretação, que incorre em descumprimento de regra básica do jogo: o próprio Livro de Regras, que embasa a arbitragem brasileira e é documento público disponibilizado pela CBF, afirma que não se pode alterar uma decisão após o reinício da partida. Vimos o contrário acontecer, no entanto.
Em nota oficial publicada na noite desta quinta-feira (26), a Comissão Nacional de Arbitragem da CBF não só atestou que houve, sim, uma alteração da decisão do VAR após o reinício do jogo, como também relatou que houve uma falha de comunicação entre o árbitro Wagner do Nascimento Magalhães e o VAR causada por uma comunicação paralela e simultânea entre o árbitro de campo e o quarto árbitro.
É preciso, hoje, que um clube diga com clareza que a aplicação do VAR precisa ser revista no Brasil. A tecnologia é bem-vinda, mas precisa ser bem aplicada. Todo o futebol brasileiro se beneficiará de mais capacitação, transparência e de maior clareza quanto às diretrizes que embasam as decisões. Precisamos cuidar do futebol brasileiro.
Vale lembrar que esta não foi a primeira vez em que o São Paulo foi prejudicado em uma decisão de jogo que envolveu o VAR. Há três meses tivemos um atleta agredido no Morumbi em clássico contra o Corinthians em lance que não resultou em punição para o agressor, e também um gol de Luciano contra o Atlético-MG em que a tecnologia de vídeo apontou impedimento equivocadamente – erro posteriormente assumido pela Comissão Nacional de Arbitragem.
Como futebol é feito e vive de paixão, o São Paulo aproveita o momento para relembrar do que este clube é feito em sua essência. Este clube tem princípios, é balizado pela retidão de conduta e se orgulha de fazer o correto. Por isso, não ingressará com o pedido para anulação da partida apesar de ter a segurança que o pleito seria aceito uma vez que houve evidente erro de direito e descumprimento de regra básica do jogo.
O São Paulo não quer, no entanto, se beneficiar do que teria sido um erro. Nos orgulhamos de nossa história incontestável e sem asteriscos, e assim a manteremos.” (Globo Esporte)