José Carlos Peres não é mais presidente do Santos. Os sócios do clube aprovaram, por ampla maioria, o impeachment do dirigente em assembleia geral neste domingo, na Vila Belmiro. Com isso, o Peixe seguirá sendo comandado pelo vice Orlando Rollo até o fim deste ano, quando acaba o mandato da atual gestão.

Peres já estava afastado provisoriamente desde o dia 28 de setembro por decisão do Conselho Deliberativo. O mandatário foi acusado de gestão temerária por irregularidades nas contas de 2019 (veja mais detalhes abaixo).

A votação foi da seguinte forma:

  • A favor do impeachment de Peres: 1.005
  • Contra o impeachment de Peres: 69
  • Branco: 2
  • Nulo: 2
  • Total: 1.078 votantes

Antes da decisão dos associados, torcedores ligados a uma torcida organizada protestaram em frente à Vila Belmiro pedindo a saída de Peres. Os manifestantes desrespeitaram os protocolos contra a Covid-19 e se aglomeraram na porta do estádio.

Peres havia enfrentado dois processos de impeachment logo em seu primeiro ano de gestão, em 2018, quando foi acusado, entre outras coisas, de manter uma empresa responsável pelo agenciamento de atletas mesmo após assumir o cargo.

Os dois pedidos foram aprovados no Conselho, mas os sócios do Santos impediram que Peres sofresse o impeachment em assembleia geral, desfecho diferente do deste domingo.

Assembleia geral na Vila Belmiro determinou impeachment de Peres do Santos — Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

Assembleia geral na Vila Belmiro determinou impeachment de Peres do Santos — Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

Irregularidades

O Santos fechou os números de 2019 com um superávit de R$ 23,5 milhões – o saldo positivo foi turbinado e ficou no azul por causa da venda de Rodrygo ao Real Madrid.

No início de junho, porém, o Conselho Fiscal do Santos emitiu um relatório apontando diversas irregularidades estatutárias nas demonstrações financeiras, como comissões pagas na transferência de Bruno Henrique ao Flamengo, uso de cartão corporativo por razões pessoais do presidente José Carlos Peres, além de diferença entre o que havia sido orçado e o que foi gasto.

Também foi citado pelo Conselho Fiscal uma suposta contratação de um escritório de advocacia para defender Pedro Doria, antigo membro do Comitê de Gestão, num caso pessoal. O dirigente, porém, nega.

Essas denúncias foram encaminhadas e analisadas pela Comissão de de Inquérito e Sindicância, que recomendou o impeachment de Peres.

Peres teve contas reprovadas em seus dois primeiros anos de gestão – 2019 e 2018, quando o clube registrou um déficit de R$ 77 milhões. Neste ano, a situação financeira segue complicada em razão da pandemia. Até setembro de 2020, o Peixe registrou déficit de quase R$ 60 milhões. (Globo Esporte)