O técnico Vagner Mancini definiu como muito grande a vitória do Corinthians por 1 a 0 diante do líder Internacional na noite deste sábado, pela 19ª rodada do Campeonato Brasileiro.
– Para o nosso momento, ela é gigantesca. O Corinthians busca recuperação no campeonato. Nada melhor do que vencer o líder. Não deixamos o Inter finalizar nenhuma bola no gol, Cássio não fez defesa. Eu falava há 72 horas que não chutamos no gol do América-MG, e 72 horas depois não permitimos que o líder chutasse no nosso gol. Veja como é o futebol. Os ajustes são diários, às vezes de forma enérgica, como foi feito. Eles foram guerreiros em campo como exige a marca Corinthians. É importante ressaltar a luta e entrega dos jogadores – elogiou Mancini.
O técnico acredita que o bom resultado possa influenciar na decisão da Copa do Brasil. O Timão perdeu em casa para o América-MG por 1 a 0 e, na quarta, às 21h30, vai a Belo Horizonte para a decisão de uma vaga nas quartas de final.
– Era necessário vencer hoje pra apagar o que foi feito quarta e ganhar fôlego extra contra América-MG com postura de quem quer continuar na Copa do Brasil, que joga um futebol diferenciado. Muitas vezes com técnica, mas sempre com disposição. Essa é a cara do Corinthians. O Inter teve uma chance no começo, e a partir daí o Corinthians foi dono das ações, dominou e mereceu vencer.
Surpresa na escalação, Matheus Davó marcou o único gol da partida. A tendência é que o garoto siga entre os titulares.
– Nesta estratégia de hoje era importante ter atleta de velocidade pra ocupar o espaço. Inter tem jogo apoiado, bem treinado, invicto e lidera Brasileirão. Mas é um time que não tem tanta velocidade para ocupar espaços. Em função disso, a estratégia era numa roubada de bola ter velocidade. Para os próximos jogos depende da estratégia. O próximo é contra o América-MG fora de casa. Davó larga na frente de todos jogadores, porque entrou bem. Cansou, mas larga na frente. É importante dizer isso. Não sei se terei o Jô ainda – indicou o treinador.
Mancini completou cinco partidas no Corinthians, com três vitórias e duas derrotas. O Timão termina o primeiro turno com 24 pontos e vai se distanciando da zona do rebaixamento. O técnico, porém, acredita que seja só o começo de uma grande mudança.
– Esse jogo tem que ser e deve ser um divisor de águas. Não podemos aceitar o jogo do Corinthians como contra América-MG. Não foi um jogo terrível, tivemos oportunidades e volume, mas o que o torcedor quer ver é o que viu hoje. Isso foi passado aos atletas. Tivemos uma conversa verdadeira de muita cobrança. Faço isso com costume. Às vezes tem de botar dedo na ferida e falar verdade. Sempre vou falar – falou o técnico.
– Se o time jogar bem, vou exaltar, e se jogar mal, vou mostrar e tentar entender o porquê. Estou há 20 dias aqui e não tinha visto cobrança entre os atletas, algo que falta no nosso futebol. Cobrança interna no vestiário entre os jogadores. Desde quinta estabelecemos que isso vai ser uma tônica entre nós. Todos têm dia infeliz, mas quando tem esse dia se entregue como melhor marcador do time. O básico é a entrega. Dia que tem parte técnica, ótimo, quando não ofereça a superação para privilegiar outro setor – completou, antes de falar sobre o jogo ser um divisor de águas:
– Foi um divisor de águas o jogo de hoje porque nos mostra o caminho. Mas foi dito no vestiário: não pode ficar nisso. Não pode achar porque ganhou do líder vai ter jogo fácil na quarta. Não vai. Tem de vestir essa camisa e saber o quanto é importante paro torcedor ver o time jogando desta forma.
Num dia de brilho de jogadores como Ramiro, Cazares e Davó, o técnico falou ainda sobre a situação de Luan. O meia entrou no segundo tempo e chegou a fazer um gol, anulado pela arbitragem.
– É meu desejo e de todos recuperar o bom futebol dele. Não foi escolhido melhor da América anos atrás à toa, é necessário dar tempo e vou dar esse tempo a ele. Não tem necessidade de correr contra o tempo. Não pode ser pressionado a decidir partidas a cada jogo. Tem de ter calma. Aos poucos vai devolver o futebol que ele tem. Aos poucos conseguiremos mudar coisas que quem joga no Corinthians precisa ter. Não posso rotular um jogador que ainda tem coisas a aprender. Ele vai aprender, a entrega vai ser diferente. Ele entrou, fez um gol anulado, depois teve um lance em que dominou a bola errado. Já foi espírito diferente. Espero que seja a tônica, espero que possa ajudar, porque futebol ele tem. Eu sei o que a torcida do Corinthians quer do Luan, e ele vai ter que entregar isso, porque é uma exigência minha também – destacou.
Na última sexta-feira, a comissão técnica decidiu afastar Sidcley do elenco. O treinador admitiu que outras mudanças ainda podem acontecer.
– Os ajustes serão feitos durante a temporada, em todos sentidos, às vezes táticos (…) Na cobrança, dentro do elenco tirar um, pedir outro, ou buscar na base. Mas todos têm que entender que isso acontece quando não há rendimento. Quando há, o ajuste fica fora. Eu estou no comando, se não está andando, tenho de buscar alternativa. Jamais vou me privar de tomar decisão. Tenho que ter comando forte, está linkado ao dia a dia de trabalho. Isso não só no futebol. É necessário seguir uma rota, e quem mostra a rota sou eu. Ajustes vão continuar. As vezes gera impacto, como foi na saída de um atleta. Podem sair outros? Podem. Podem chegar também, ou podemos buscar no sub-20 ou sub-23. Os ajustes são menores quando os jogos são bons. Se pecamos em campo, os ajustes são maiores.
Mais Mancini sobre a escolha de Davó
O técnico detalhou a escolha do jogador para começar a partida:
– A escolha do Davó foi em cima do que acompanhamos nos treinamentos. Quando perdemos Mantuan, que fez essa função contra o Vasco, eu buscava outro jogador que tivesse uma mobilidade boa, que ocupasse os espaços com velocidade, e na quinta e sexta tive a chance de explicar bem ao Davó aquilo que seria necessário que ele fizesse. E ele fez muito bem feito. Óbvio que se trata de um atleta que vinha jogando pouco, suportou só 60 minutos, mas ajudou bastante. É um atleta que a característica permite que a gente dê oportunidades. Quando a bola chega no pé do Cazares, do Ramiro, do Xavier, do Éderson, temos de ter alguém de velocidade. Para esse modelo de jogo, era importante ter alguém com força e explosão para ocupar os espaços e ele fez isso muito bem. A escolha é baseada no que tenho acompanhado nos treinamentos. Muitas vezes a gente vê o atleta, para aquela estratégia de jogo ele não se encaixa, mas quando há a oportunidade a gente pinça. Queríamos ter uma ação de velocidade para adiantar a marcação, fazer o Inter errar, e ter uma saída rápida. Fagner achou o Cazares num espaço vazio, ele ganhou do Cuesta, atravessou a bola, o Davó entrou e fez o gol. Um gol que representou bem a estratégia – disse o treinador após a partida. (Globo Esporte)