A comissão técnica do Cruzeiro vive a expectativa de a diretoria resolver a pendência na Fifa, gerada pela dívida com o FC Zorya por Willian, se livrar da punição e poder registrar reforços. Giovanni, Iván Angulo e Matheus Índio até já treinam na Toca aguardando a regularização. Mas, é pouco provável que a situação se resolva ainda na primeira quinzena de outubro.
Na coletiva após a derrota para o Cuiabá, o técnico Ney Franco disse que havia a possibilidade de o problema ser resolvido nesta semana. Uma previsão otimista. O ge apurou que a tendência é que a Fifa só responda ao recurso do Cruzeiro a partir do dia 15, ou seja, quinta-feira da próxima semana.
A entidade máxima do futebol não tem um prazo estabelecido para dar retorno sobre qualquer recurso de clubes. Portanto, é apenas uma previsão, podendo o Cruzeiro receber uma resposta antes desse período.
E a resposta da Fifa pode não ser o fim do problema do Cruzeiro. A reportagem apurou que o clube, mesmo tendo apresentado uma defesa tratada como “consistente”, considera o processo difícil de ser ganho. O atual recurso é a última possibilidade do clube.
Se a Fifa indeferir o pedido de recurso do Cruzeiro, somente o pagamento do valor ao Zorya colocaria fim à punição. Com a desvalorização do real, a dívida, hoje, supera os R$ 7,2 milhões.
Dinheiro que o Cruzeiro está longe de ter em caixa, tendo, inclusive, atrasado os salários de agosto, que deveriam ter sido pagos no dia 8 do mês passado. Nesta quarta-feira é dia de vencer a folha de setembro. Sabendo que precisa de reforços para a Série B, a diretoria já tenta levantar recursos para, caso seja preciso, pagar a dívida com o Zorya.
A punição
Em agosto, o Cruzeiro informou ter feito um acordo com o FC Zorya pelo parcelamento da dívida, num valor pouco superior a 1,1 milhão de euros. No fim daquele mesmo mês, no entanto, houve a punição da Fifa, que foi recebida pelo clube como “infeliz surpresa”.
Em uma entrevista coletiva, no início de setembro, Flávio Boson, responsável pelo jurídico cruzeirense, explicou que o Alik Football Manegement, empresa de intermediação no futebol da Estônia, entrou em contato com o Cruzeiro avisando que era proprietário da cessão de crédito pela dívida do clube brasileiro com o Zorya. O Alik, a partir de então, passou a negociar com o Cruzeiro a formatação do pagamento. Feito isso, partiu para a formalização do acordo.
Willian jogou no Cruzeiro entre 2013 e 2017 — Foto: Juliana Flister/Light Press
Houve a exigência de que o Zorya formalizasse, por e-mail, que o Alik tinha direito ao crédito e que os ucranianos assinassem o acordo como parte interessada. As duas coisas foram feitas, segundo Bozon, que mostrou o e-mail recebido pelo Zorya, com assinatura e carimbo do clube, por meio do sistema da própria Fifa.
O e-mail foi endereçado à presidência do Cruzeiro, ao advogado Bichara Neto (representante do Zorya no Brasil) e a um outro ucraniano, não identificado por Boson, mas que na carta endereçada pelo Cruzeiro à Fifa é identificado como “S. Oganov”. No entanto, os ucranianos foram à Fifa – em 26 de agosto e cinco dias após a notificação ao Cruzeiro -, alegando desconhecimento sobre o acordo, com a afirmação de que a assinatura e carimbo presentes no documento são falsos. (Globo Esporte)