O empate do Corinthians por 2 a 2 com o Botafogo neste sábado, na Neo Química Arena, em jogo válido pela oitava rodada do Campeonato Brasileiro, fez o técnico Tiago Nunes mais uma vez responder sobre seu futuro no comando da equipe alvinegra.
Depois do jogo em Itaquera, o corintiano falou sobre a nova filosofia que tenta implementar no clube desde a sua chegada, no início da temporada, e destacou que vê seu trabalho como de médio a longo prazo no Timão.
– A cobrança, já falei inúmeras vezes, é normal. Em um clube da magnitude do Corinthians você está sempre pressionado. Já ouvi que meu cargo estava em jogo em janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto. Agora estamos em setembro e continuo ouvindo isso. Uma hora alguém vai acertar, faz parte do futebol. Quem tiver essa chamada que o treinador do Corinthians vai sair continue repetindo, porque uma hora acerta. Faz parte do jogo. Coloco a cabeça no travesseiro com a consciência tranquila que estamos fazendo o máximo para fazer o time evoluir e melhorar – disse o treinador corintiano.
– Vim pra cá para participar de uma mudança de filosofia e de cultura. A cobrança imediata pelo resultado é normal. Agora, nada melhor que o tempo para entender quais são os jogadores que têm condição de exercer essa mudança que a gente quer. O quanto o Corinthians vai ter futuramente de investir no mercado para trazer jogadores com esse perfil. São coisas que a gente está passando esse ano, nessa temporada, e que talvez que só a médio e longo prazo a gente vai conseguir sanar da maneira ideal que o torcedor e todos desejam – completou.
– Sobre não evoluir, acho que é é muito circunstancial, do momento de não ganhar. Ao mesmo tempo temos coisas boas que tem de ter um olhar mais aprimorado. Me preocupa a parte defensiva. No retorno a gente estancou, passou muito jogos sem sofrer gols. Mas com uma formação mais defensiva. Dificuldade de encontrar esse equilíbrio, equipe que ataca bastante e se defende bem – declarou.
O empate levou o Corinthians aos nove pontos no Campeonato Brasileiro. São duas vitórias, um empate e três derrotas em sete partidas. Na próxima rodada, o Timão recebe o rival Palmeiras em casa, quinta-feira, às 19h15.
– Todo clássico tem peso diferenciado, pela tradição e cobrança da torcida e de vocês mesmo. Estar no Corinthians está numa condição de ter sempre de ter de vencer. Isso a gente compreende e entende. Jogar clássico é uma condição que às vezes te coloca no céu ou para baixo. Tem de estar num nível de entendimento e de equilíbrio muito grande para fazer um jogo bom. Jogamos três clássicos, vencemos um e empatamos dois. Sempre equilibrado. Não vai ser diferente na próxima quinta-feira. Jogo de detalhes. A equipe que errar menos provavelmente vai conseguir ter sucesso – avaliou Tiago Nunes.
Veja outros trechos da entrevista coletiva de Tiago Nunes:
Sobre Otero
– O Otero entrou bem nos últimos dois jogos, deu contribuição ofensiva importante. No início do segundo tempo, primeiros 15 minutos de adaptação, dificuldade de encontrar espaço no campo. depois conseguiu umas combinações melhores, principalmente com o Piton. Destaque nas bolas paradas e nas finalizações. É um jogador que está nos planos para qualquer momento iniciar partida. Titularidade é circunstancial, é um jogador que vem acrescentando, tem boas possibilidades a curto prazo iniciar uma partida como titular.
Evolução do time
– Eu discordo sobre a questão de jogar mal sempre ou não evoluir. Hoje o Corinthians como já vinha sendo na primeira parte do ano, era uma equipe que faz gols. Está no mínimo Top 5 ou Top 6 de ataque no Brasileiro. Mas ao mesmo tempo tem sofrido muito defensivamente. O desafio tem sido numa transição de filosofia, num grupo que já está no clube há muito tempo, fazer com que esses caras tenham capacidade tecnicamente de se expor mais ofensivamente e não sofrer mais na parte defensiva.
– Sobre não evoluir, acho que é muito circunstancial, do momento de não ganhar. Ao mesmo tempo temos coisas boas que tem de ter um olhar mais aprimorado. Me preocupa a parte defensiva. No retorno a gente estancou, passou muito jogos sem sofrer gols. Mas com uma formação mais defensiva. Dificuldade de encontrar esse equilíbrio, equipe que ataca bastante e se defende bem.
Sobre as alterações durante os jogos
– Estamos há 12 semanas seguidas jogando quarta e domingo. Uma semana que conseguimos trabalhar cinco dias ainda tendo de recuperar para o jogo e baixar carga. A tendência é que faça quase sempre cinco alterações. Até para tentar manter o nível de performance bom, principalmente na parte física. Ofensivamente a gente tem criado, defensivamente temos sofrido muito. Essa questão de não ter padrão infelizmente é o que tem atingido em alguns tempos dessa partida. Outros momentos a gente tem uma ideia clara. A questão toda é que como a gente tem mudado uma filosofia, muitos jogadores ainda não se adaptaram. Jogador tem de se expor mais tecnicamente, mostrar mais seus atributos técnicos, defensivamente tem de duelar mais no duelo de um contra um.
– Para essas ideias de jogos em termos de ser mais agressivo e protagonista tem de fazer com que os atletas que estavam adaptados a outra ideia mais conservadora tenham de mudar seu perfil. Gera desconforto, muitas vezes também exposição de comportamentos que não estavam acostumados a fazer. Muitas vezes jogadores que tinham capacidade de atuar bem em outro modelo hoje sofrem porque a exigência é outra. A gente vai tentando encontrar soluções dentro do próprio elenco, transformando esses jogadores que não estavam conseguindo render tão bem. Ou até buscando jogadores numa condição externa no mercado.
Sobre Lucas Piton
– O Lucas é um jogador que tem atuado bem. Alguns detalhezinhos ainda que precisa mais maturidade e mais jogos. Isso só vai acontecer jogando. Iniciei uma sequência com o Sidcley e resolvi trocar nesse momento. Está em um processo de evolução. Vejo ele com a projeção de ser o titular do Corinthians a longo prazo. Vai ter outros jogos que vai ficar no banco, vai voltar a jogar. É um momento que ele vai montando seu espaço no clube. Nada mais natural do que jogar para conseguir fazê-lo.
Diferença de atuação nos dois tempos
– Essa questão principal do primeiro tempo foi as transições, a gente sofreu demais nos contra-ataques. Cada situação de contra-ataque do Botafogo gerava uma finalização. Por isso finalizaram mais no primeiro tempo. Não creio que eles tenham chances tão claras para merecer o empate no primeiro tempo. Foi uma circunstância isolada, falta que bateu na mão do Fagner e acabou gerou a questão da falta direta que o Bruno Nazário teve a felicidade o gol.
– No segundo tempo a gente buscou uma situação mais equilibrada, com um jogador mais ofensivo que é o Otero. Mas também é um jogador de mais força defensiva e de capacidade de jogar no box to box, que é o Ramiro. Então equilibrou mais a equipe na parte defensiva. Sustentou melhor as transições, a gente conseguiu ter um volume… Tomou o gol numa situação de erro de cobertura, que não pode acontecer. Tomamos o drible, não fizemos a cobertura e consequentemente acabamos sofrendo… Muitos gols que a gente vem sofrendo em detalhes pontuais, falta de atenção, coisas que a gente tem potencial para não tomar e tem de evoluir rapidamente.
Mais sobre pressão
– Vim pra cá para participar de uma mudança de filosofia e de cultura. A cobrança imediata pelo resultado é normal. Agora, nada melhor que o tempo para entender quais são os jogadores que têm condição de exercer essa mudança que a gente quer. O quanto o Corinthians vai ter futuramente de investir no mercado para trazer jogadores com esse perfil. São coisas que a gente está passando esse ano, nessa temporada, e que talvez que só a médio e longo prazo a gente vai conseguir sanar da maneira ideal que o torcedor e todos desejam. (Globo Esporte)