Spa-Francorchamps viveu neste sábado (29), mais um dia de domínio de Lewis Hamilton em treinos classificatórios. O que o hexacampeão fez no Q3, com uma volta absolutamente perfeita nos três setores do circuito belga, beirou o absurdo. Com o tempo de 1m41s252, recorde extraoficial de Spa, superou Valtteri Bottas, com o mesmo carro, por 511 milésimos. A pole position número 93 de sua carreira na Fórmula 1. Um verdadeiro show do inglês, que aproveitou para homenagear o ator Chadwick Boseman, que morreu na noite de sexta-feira após lutar contra o câncer. Ele interpretou o Pantera Negra nos cinemas, um ícone do orgulho negro. Além da mensagem pelo rádio, Hamilton fez o gesto tradicional do super-herói. Wakanda Forever.
Foi, sem dúvidas, a imagem do esporte no fim de semana. E só reafirma a importância de Hamilton como representante dos negros. Afinal, é o único piloto negro em uma categoria majoritariamente branca e europeia. E ele caminha a passos largos para se tornar o maior da história, perto de superar as marcas estabelecidas pelo heptacampeão Michael Schumacher. É, sem dúvidas, um feito muito importante. E mais essencial ainda: Hamilton entendeu o tamanho dele no mundo hoje. E, por causa disso, tem aproveitado seu espaço para lutar por causas sociais. O conceito de ídolo no esporte não deve ficar restrito à excelência na modalidade. Transcende isso. E Hamilton fez mais do que levantar uma bandeira. Ele próprio se tornou uma bandeira.
Lewis Hamilton acelera na Eau Rouge em sua volta rápida no treino classificatório em Spa — Foto: Dan Istitene/F1 via Getty Images
A previsão do tempo para a corrida é de 80% de chuva (ao menos na noite de sábado). Mas a gente sabe que as condições em Spa-Francorchamps mudam a cada momento. Ou seja, não dá para cravar nada. O fato é que o início da corrida, seja qual for a situação climática, promete muito. Afinal, o trecho de aceleração entre a La Source, primeira curva do circuito, e a Les Combes, freada forte após a reta Kemmel, proporciona uma enorme troca de vácuo. Esta é a esperança de Bottas e Verstappen para tentar ameaçar o domínio de Hamilton logo de cara. Vai ser interessante ver as táticas dos pilotos para atacar e se defender nas voltas iniciais da corrida, com os carros ainda muito juntos.
Max Verstappen no contorno da Eau Rouge: holandês vai largar em terceiro com a RBR — Foto: Lars Baron/Getty Images
Outro destaque da classificação foi o desempenho dos carros da Renault. O australiano Daniel Ricciardo vai largar em quarto, superado apenas na última volta por Verstappen e por menos de três décimos, e o francês Esteban Ocon em sexto. Uma grande evolução da equipe francesa, que mostra ter um bom carro para pistas que exigem pouca pressão aerodinâmica e também um motor eficiente. Entre os carros aurinegros, o tailandês Alexander Albon, da RBR, que mostrou uma boa evolução neste fim de semana. Finalmente, após sete GPs, ele parece estar mais confortável em um carro muito difícil de pilotar.
As últimas quatro vagas no Q3 ficaram com as duplas de Racing Point e McLaren. Aliás, perto da expectativa, o desempenho dos carros da equipe de Lawrence Stroll decepcionou demais. A chamada “Mercedes Rosa” prometia ficar nas primeiras filas do grid e terá de se contentar com a oitava posição de Sergio Pérez e a nona de Lance Stroll. Já a McLaren terá Carlos Sainz em sétimo e Lando Norris em décimo. Os carros laranjas já mostraram que têm um bom ritmo de corrida. É bom ficar de olho no espanhol e no inglês, que devem avançar na prova.
Daniel Ricciardo foi um dos destaques da classificação com a quarta posição com a Renault — Foto: Rudy Carezzevoli/Getty Images
Para encerrar, a grande decepção do fim de semana: a Ferrari. Tudo bem que o desempenho dos carros italianos nesta temporada não os credenciava para nada muito especial. Mas os resultados dos treinos livres e da classificação em Spa-Francorchamps foram além das derrotas. Foi um verdadeiro vexame. Tanto Charles Leclerc quanto Sebastian Vettel tiveram de suar para avançar ao Q2 – e por muito pouco não ficaram fora ainda no Q1. O monegasco, por exemplo, avançou apenas por 87 milésimos (!), algo inimaginável para uma equipe tão tradicional na Fórmula 1 quanto a Ferrari. Leclerc ficou apenas com a 13ª posição no grid e Vettel com a 14º. Desesperador para os tifosi.
Luz vermelha para o desempenho da Ferrari neste fim de semana em Spa-Francorchamps — Foto: Mario Renzi/F1 via Getty Images
(Globo Esporte)