A notícia que mexeu com o mundo do futebol nesta terça-feira foi a confirmação por parte da imprensa europeia de que Lionel Messi comunicou ao Barcelona que quer deixar o clube. Em uma temporada sem títulos, algo que não acontecia desde 2007/08, a equipe se despediu sofrendo uma trágica goleada por 8 a 2 para o Bayern de Munique na Liga dos Campeões da Europa. Mas isso foi apenas a gota final do copo d’água cheio de desgaste para o craque.

A temporada 2019/20 se arrastou com insatisfação na montagem do elenco e com uma série de desentendimentos do camisa 10 com alguns membros importantes do clube – Eric Abidal e Quique Setién estiveram envolvidos em alguns episódios e já não estão mais no Barcelona.

Mesmo sendo apontado como um dos poucos intocáveis na crise – ao lado de Ter Stegen, Lenglet e De Jong -, Messi resolveu colocar um ponto final em sua gloriosa passagem pelo Barça sem nem esperar uma reformulação no plantel feita por Ronald Koeman, o novo treinador. Veja abaixo alguns motivos que pesaram para sua decisão:

Novela Neymar sem final feliz

As últimas montagens de elenco não corresponderam às expectativas de Messi por um projeto vencedor. O argentino não escondeu sua frustração, por exemplo, ao ver Neymar pemanecer no PSG. O Barcelona garantiu ter feito o possível pelo retorno do brasileiro, mas o clube francês bateu o pé pela sua permanência.

Em novembro de 2019, a revista France Football publicou uma mensagem enviada por Messi a Neymar em que o argentino revelava durar mais duas temporadas no clube catalão – algo que está sendo abreviado agora. Tratando o brasileiro como seu sucessor no Barça, Messi havia dito que “somente juntos poderiam vencer a Champions”.

Mudança de planos: em fevereiro, Messi havia dito que não pensava em sair do Barcelona — Foto: Reprodução/Mundo Deportivo

Mudança de planos: em fevereiro, Messi havia dito que não pensava em sair do Barcelona — Foto: Reprodução/Mundo Deportivo

Em fevereiro de 2020, Messi afirmou que Neymar estaria disposto a pedir desculpas à torcida para retornar ao clube. Mas a novela acabou sem final feliz para o lado do camisa 10 do Barça, que já tinha o sentimento de que o clube não fez tudo que estava ao seu alcance.

Troca de Valverde por Setién

O presidente do Barcelona tinha o desejo de mudar o comando desde a dolorosa derrota por 4 a 0 para o Liverpool na semifinal da Champions 2018/19, mas decidiu seguir com Ernesto Valverde, que havia sido campeão espanhol, para a temporada seguinte. O técnico contava com o apoio do elenco e chegou a ser defendido publicamente por Messi, que chamou a culpa pelos tropeços para os próprios jogadores.

Messi e Valverde: camisa 10 era a favor da permanência do técnico — Foto: Miguel Ruiz/Barcelona

Porém, em janeiro deste ano, a mudança foi feita. Quique Setién, que havia deixado o Bétis oito meses antes, foi contratado, mas não conseguiu melhorar o desempenho do time como era esperado. Atritos surgiram no vestiário e a relação ficou desgastada entre comissão técnica e os veteranos do elenco.

Algo que ficou escancarado em fala de Messi no dia em que o Barcelona perdeu para o Osasuna e viu o título espanhol de 2019/20 ficar com o Real Madrid. “Tudo que a gente viveu desde janeiro tem sido muito ruim”, afirmou, prevendo que as coisas seriam difíceis nos jogos que ainda restavam.

Postura de Abidal

A repercussão após a saída de Valverde fez surgir um atrito entre Messi e o ex-lateral-esquerdo, que já foi seu companheiro de time. No cargo de secretário-técnico, Abidal justificou a demissão do treinador dizendo que os jogadores reclamaram do trabalho que estava sendo feito.

Messi, então, fez algo bastante incomum e foi às redes sociais para externar sua insatisfação com as frases ditas pelo dirigente. O argentino postou um print de entrevista e rebateu Abidal, dizendo que ele “deveria dar nomes, pois, caso contrário, estariam sujando todos e alimentando coisas que são ditas e não são verdadeiras”.

Messi stories Instagram — Foto: Reprodução / Twitter

Messi stories Instagram — Foto: Reprodução / Twitter

Em fevereiro de 2020, circularam informações de que o Barcelona havia contratado uma empresa para defender o presidente do clube, Josep Bartomeu, e criticar jogadores – incluindo Messi – nas redes sociais. Algo que foi desmentido pelo clube, mas que gerou mal estar.

Cerca de um mês depois, um novo episódio expôs a relação ruim entre diretoria e atletas. Com as competições paralisadas por conta da pandemia de coronavírus, a questão da redução salarial gerou mais desgaste. Seis dirigentes deixaram o Barcelona criticando a forma como Bartomeu lidou com o caso.

Para eles, a demora do elenco em aceitar reduzir os valores em 70% não foi vista com bons olhos. Messi se sentiu incomodado e emitiu nota oficial (veja abaixo) para esclarecer os fatos e demonstrar insatisfação com a “pressão sobre algo que sempre tiveram total noção do que fariam”.

Dispensa de Suárez

O anúncio de que Koeman não contaria com o uruguaio para a próxima temporada foi o ato final para motivar a saída de Messi. Grande amigo e companheiro de time do camisa 9 há seis temporadas, o argentino ficaria sem seu braço direito no ataque do Barcelona, já que peças como Griezmann e Dembelé, que custaram altas cifras, não tiveram o mesmo encaixe.

Suárez e Messi em treino do Barcelona — Foto: Reuters

Suárez e Messi em treino do Barcelona — Foto: Reuters

(Globo Esporte)