O presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, admitiu que gastou mais do que deveria em seu mandato, mas tentou minimizar os problemas enfrentados pelo clube. Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira, o dirigente comentou a crise financeira e afirmou que o Timão não “vai fechar amanhã ou está falido”.

– O problema é a falta de fluxo de caixa. Adiantaram cotas de televisão e tudo isso tem que começar a pagar. Não adiantei nada de ninguém, só do patrocínio do BMG deste ano. A dívida é problema, déficit é problema, mas não é que o Corinthians vai fechar amanhã ou está falido. Não vai ser o time do mais rico do mundo. Antes era o Palmeiras, agora é o Flamengo e amanhã sei lá quem vai ser. O déficit não foi ideal, gastei mais do que deveria. Estamos com dificuldade de pagar conta pelo fluxo de caixa – declarou.

A dívida da Arena Corinthians também esteve em pauta. O presidente prometeu novidades ainda neste ano:

– Com certeza, vamos resolver o problema da Arena até novembro. Não tive reunião com a Caixa ainda. Só jurídico e financeiro. Estou esperando oficializar o acordo com a Odebrecht da última parte que falta. Aí sim vamos na Caixa resolver. Voltei para resolver isso e será resolvido. Apesar de alguns estarem prejudicando. Nas próximas semanas vamos ter boas novidades – afirmou.

Depois de fechar 2019 com uma dívida de R$ 665 milhões, o clube se complicou ainda mais neste ano por conta da paralisação do futebol. Com uma queda drástica das receitas, o clube passou a atrasar pagamentos e sofreu diversas cobranças judiciais. Atualmente, o Timão deve três meses de salário ao elenco profissional.

Roberto Gavioli, gerente financeiro do Corinthians que também participou da entrevista, foi questionado pela reportagem do GloboEsporte.com sobre o valor atual da dívida alvinegra e o resultado do clube no primeiro semestre de 2020. Porém, Andrés disse que ele não deveria responder, pois isso será divulgado na próxima semana.

Perguntado sobre os 35 reforços que levou para o clube desde março de 2018, Andrés afirmou:

– Contratação, seja cara ou barata, a boa é a que dá certo. Alguns levam tempo para se adaptar ao clube e desenvolver. Acreditamos em todos os que estão aqui. Os que não acreditávamos, não estão mais. Darão bons resultados esse ano e excelentes resultados no ano que vem. Até pelo amadurecimento do grupo. Não me arrependo de nada. Gastamos um pouco mais do que devíamos – declarou Andrés, que ainda falou sobre o atraso de pagamento ao elenco:

– Sobre salários, fizemos opções de segurar um pouco. Eles sabem o dia que vão receber. Está tudo sob controle. Poderíamos ter pago uma ou uma e meia. Nas próximas semanas, vai estar tudo em dia.

Confira abaixo outros trechos da entrevista de Andrés:

Yony González

– Quando fechamos o Pedrinho, colocaram o Yony. Para nós, interessava. Depois, várias negociações com Benfica em outros seguimentos. Não cederam. E, por bem, entendemos que era melhor devolver. Tem contrato lá de mais quatro anos. Foi profissional ao extremo. Não foi só finanças. Não chegamos a um denominador comum. Como não fez cinco jogos, devolvemos. Mas ainda tem conversa com o Benfica.

– No acordo com o Pedrinho, foi acordado que viria o Yony. Foi conversado. Quero falar com o presidente do Benfica para não ficar aresta.

Falta de transparência

– Os conselheiros receberam (os balancetes) quando tinham que receber. O Conselho Fiscal e o CORI recebem todo mês o balanço. Foi decisão minha não demonstrar mais os balanços (no site oficial). Muita gente estava usando aquilo politicamente. Vamos lançar o semestre semana que vem. Foi opção minha não expor mais mês a mês expor. Conselho Fiscal e CORI recebem todo mês.

Renovações

– Sidcley tem empréstimo até o fim do ano, ainda não pagamos. Só depois vamos abrir a negociação. Boselli não conversamos ainda, mas temos tempo para conversar.

Volta do futebol

– Depois que liberaram shopping, não tem motivo para 30 jogadores não voltarem com dois médicos na beira do campo, testagem. (Ausência de) Público tem que ser até o fim do ano. Agora, 50 jogador no campo testados, não tem problema.

Dívidas

– (As parcelas das compras de) Bruno Méndez e Cantillo vamos pagar esse mês. Os outros em agosto ou setembro. Sabemos do nosso compromisso. Não vamos deixar nada para trás. Podem ficar despreocupados. Não tem risco de perder jogador.

Atrasos de salários

– Veja bem. Eu estou pagando o Tite pelo Mundial de 2012. Não pagaram ele. Roberto pagou uma parte e eu o resto. Mano Menezes ficou nove meses sem receber no Corinthians. São jogadores hoje de primeira linha. Vão querer ganhar o jogo para cobrar ainda mais internamente a mim. Jogador quer ganhar jogo. Se for campeão ou não, não muda politicamente porque não sou candidato. O diferencial do Corinthians é quem conversa com o sócio, gosta do clube, vive o futebol, vive o Corinthians. E não quem vem quando tem cargo ou interesse.  (Globo Esporte)