O preço da gasolina tem provocado reclamações dos consumidores —um litro pode custar até R$ 8, segundo pesquisa da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Mesmo assim, o Brasil está longe de ter o combustível mais caro do mundo. Segundo dados da consultoria GlobalPetrolPrices, há 75 países com preços mais altos que o do Brasil.
Mesmo assim, a gasolina pesa mais para o brasileiro do que para cidadãos de outros países. Por aqui, encher um tanque de 40 litros com gasolina corresponde a 11% do salário médio. Já em países como Noruega e Dinamarca —que estão entre os que possuem a gasolina mais car —, um tanque cheio é equivalente a menos de 2% da renda média.
O ranking da GlobalPetrolPrices é atualizado semanalmente, com preços em dólar. Os valores coletados pelo UOL são referentes ao dia 15 de novembro, e foram convertidos para reais considerando a cotação do dia 18 de novembro na calculadora do Banco Central (US$ 1 = R$ 5,55).
Por que pesa mais para o brasileiro?
Apesar de não ser uma das mais caras do planeta, a gasolina vendida no Brasil pesa mais na renda mensal dos cidadãos aqui na comparação com outros países. No Brasil, encher um tanque de 40 litros com gasolina sai por R$ 275,20, considerando o preço divulgado pela GlobalPetroPrices.
Isso corresponde a 11% do salário médio mensal do brasileiro, que é de R$ 2.489 segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em países como Noruega e Dinamarca, que estão entre os que possuem combustível mais caro, os cidadãos têm renda mensal maior.
Por isso, mesmo que o preço da gasolina seja mais alto, abastecer acaba pesando menos no orçamento mensal. Segundo o site Trading Economics, o salário médio na Noruega é de R$ 31.865 (ou 50.750 coroas norueguesas) por mês.
Com isso, um tanque cheio (R$ 488) representa apenas 1,53% da renda. Na Dinamarca, a proporção é ainda menor: como o ganho médio é de R$ 36.049 (ou 42.592 coroas dinamarquesas), abastecer um veículo com 40 litros de gasolina (R$ 476,80) implica gastar 1,32% do salário.
Preço e renda
Rafael Schiozer, professor de Finanças da FGV (Fundação Getúlio Vargas) em São Paulo, diz que essa lógica também vale para outros produtos. Nos países escandinavos, por exemplo, a carga tributária é alta, mas a renda também é. Então, além da gasolina, outros produtos (cerveja, arroz etc.) são mais caros. Rafael Schiozer, da FGV Segundo ele, no caso da gasolina, vários fatores podem interferir no preço: a proximidade do local de produção; qual é a estrutura para o refino do petróleo (a produção do combustível); e os impostos que incidem sobre o produto.
Desde 2016, a Petrobras atualiza os preços dos derivados de petróleo de acordo com o valor no mercado internacional, em dólar. Com a moeda norte-americana valorizada e o petróleo em alta, o valor da gasolina e de outros combustíveis, como diesel e gás de cozinha, também tem subido. (Uol)