Terminadas as eleições municipais, todas as atenções do campo político se voltaram ao próximo pleito. Poucas vezes a batalha pela conquista do Palácio Paiaguás esteve tão aberta, como a projetada para 2026. Porém, levando em consideração o resultado da última eleição, pode-se considerar como certo que o próximo governador de Mato Grosso será um candidato que orbita entre o centro e a extrema-direita.
Mas antes de conquistar o voto popular, os pretensos candidatos terão que vencer as disputas internas de partidos e coligações. E em 2024 três políticos de destaque e um nome novo na política, anunciaram a intenção de se candidatar ao cargo de governador de Mato Grosso. São eles: o senador Jayme Campos (UB), do mesmo partido do governador Mauro Mendes, que até então teria como sucessor natural, o vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos). E entre os bolsonaristas, o senador Wellington Fagundes (PL) e o mega empresário do agronegócio Odílio Balbinotti Filho, conhecido como “rei das sementes”. Os dois trocaram indiretas públicas em busca da vaga do grupo de direita.
Com isso, as agremiações trabalham para conquistar alianças e fortalecer as possibilidades de chapa. Ao mesmo tempo, evitam ao máximo inflamar as bases, e provocar” rachas” dentro do grupo. À exemplo do houve entre Fabio Garcia e Eduardo Botelho, os dois do UB, em Cuiabá.
No próximo pleito estarão em jogo duas vagas ao Senado na bancada de Mato Grosso e o governo, além das cadeiras na Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa.
União X Republicanos
Embora venham de partidos diferentes, ambos desempenham papéis estratégicos em Mato Grosso e atualmente estão na base do governador Mauro. No UB, o senador Jayme Campos quer ser o candidato do grupo com o apoio de Mauro. Em contrapartida, Otaviano Pivetta já tem o apoio de Mendes e começa a se posicionar para afastar oponentes em potencial a uma eventual disputa interna.
Jayme inclusive é ex-governador, vice-presidente do diretório estadual e um dos principais nomes do UB no Brasil, que por sua vez é o partido com mais políticos eleitos no Estado. A intenção em se candidatar, mesmo que signifique ficar sem mandato, pode representar uma saída honrosa para o veterano político.
A vontade de um projeto político que ele considere exequível, faz Jayme que se autodenomina um verdadeiro representante do centro, considerar a negociação com a “chapona” ventilada pelo deputado estadual Lúdio Cabral (PT), agregando novos partidos ao arco de alianças da Federação Brasil da Esperança (PT, PV e PCdoB).
Jayme diz estar aberto a negociar com “chapona” ao governo articulada pela esquerda; veja vídeo
Para ele, uma aliança como essa, seria uma sinalização para o ponto final às discussões ideológicas que polarizam entre direita e esquerda. O senador também revelou que já foi convidado pelo deputado estadual Thiago Silva a se filiar ao MDB. Algo em desfavor de Jayme é a eleição em Várzea Grande.
A cidade é o reduto político da família Campos que tem o prefeito Kalil Baracat (MDB) como afilhado político. O senador e o seu irmão, o deputado estadual Jayme Campos, foram assíduos na campanha de Kalil, porém, não conseguiram puxar o número de votos suficientes para reelegê-lo.
Ele tenta se desassociar da derrota em VG, destacando que não se tratava de uma candidatura em seu CPF e que das seis as quais concorreu, saiu vencedor.
Jayme diz que ainda não conversou com Mauro após sinalização de apoio a Pivetta ao governo
Já Otaviano Pivetta, atual vice-governador do estado, foi três vezes prefeito de Lucas do Rio Verde, assumindo o cargo pela primeira vez em 1997 e encerrando em 2016, quando saiu com mais de 80% de aprovação da população. Também foi deputado estadual e em 2018, foi eleito vice-governador na chapa de Mendes.
A chapa foi reeleita em primeiro turno recebendo expressivos 1.114.549 votos totais, 68,45% dos votos válidos apurados.
Conforme Pivetta, ser vitorioso nas urnas como governador de Mato Grosso é o sonho de toda uma vida e ficar em segundo plano, no papel de vice, é algo que ele não aceitará mais. Ele se “aposentou” do cargo após dois mandatos dando suporte a Mendes. Não é de hoje que o vice-governador declara a vontade de concorrer ao Paiaguás.
Sendo considerado inclusive o sucessor natural de Mauro. Pivetta já disse que está “preparado” para pleitear a cadeira do governador Mauro Mendes nas eleições de 2026. Segundo Pivetta, as conversações já acontecem no partido e a conjectura é construída nos bastidores.
Ele aguarda um “pronunciamento” do Republicanos, mas demonstrou otimismo. O vice-governador respondeu com bom humor sobre ser o “camisa 10” da sigla, dizendo que não joga mais futebol, porém, está disposto a assumir o desafio.
Recentemente o governador Mauro Mendes cravou que Pivetta será seu candidato em 2026. Apesar disso, o senador não recuou
Mauro Mendes promete que “fará sua parte” para eleger Pivetta em 2026
Pivetta afirma estar “preparado” para pleitear cadeira de Mendes nas eleições 2026
Pivetta afirma que “não venderá alma”, mas reitera intenção de candidatura ao Paiaguás
PL X ?
Voltando os olhos à extrema-direita, temos Wellington x Balbinotti. Apesar dos dois terem usado a imprensa para trocar alfinetadas, afirmam assim como os seus correligionários que as conversas sobre 2026 seguem pautadas pela paz.
Fagundes provoca Balbinotti após empresário ressurgir como rival ao governo: “sem medo”
Balbinotti nega briga com Fagundes e diz que filiação só após conversa com Bolsonaro
O senador já foi candidato ao governo contra Mauro Mendes, época que este conquistou o primeiro mandato, e o apoiou no segundo pleito, inclusive o aproximando do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Para realizar o sonho de ser governador, Wellington disse que está trabalhando nas bases e construindo alianças. E confia que será julgado pelo serviço prestado nos seis mandatos para os quais foi eleito. Ele passou os últimos anos como o candidato natural do grupo, posto aparentemente inquestionável.
Até o surgimento no cenário do megaempresário Odílio Balbinotti Filho (sem partido). Bolsonarista de primeira hora, Odílio é filho do ex-deputado federal, de quem é homônimo, e foi o maior doador de campanha de candidatos bolsonaristas, incluindo o próprio ex-presidente, nos últimos pleitos.
A proximidade com a família Bolsonaro pode ser um trunfo para que Odílio viabilize seu nome na extrema-direita e, em especial, no PL. O principal desafio de Balbinotti é aglutinar lideranças em torno do seu projeto e ganhar apelo popular, o que tem feito com seus posicionamentos políticos na internet, em uma conta aberta recentemente em rede social e em entrevistas para jornalistas.
Odílio Balbinotti ‘bomba’ nas redes e ganha atenção do clã Bolsonaro
Em novembro, em uma visita à Assembleia Legislativa ao lado do presidente estadual do PL, Ananias Filho, Balbinotti confirmou a pré-candidatura ao governo de MT. E dias depois Ananias confirmou a realização de uma reunião entre Balbinotti e o presidente nacional Valdemar da Costa Neto.
Valdemar deixou o caminho aberto para Odílio, mas destacou que a conjectura só passará a ser tratada com profundidade quando o empresário assinar a ficha de filiação ao PL. Depois, o presidente nacional chamou o senador Wellington Fagundes (PL) ao seu gabinete e deixou claro que não há nada fechado no partido.
(HNT)