A importância de uma boa noite de sono já foi mais do que comprovada pela ciência. Manter um horário regular para dormir e seguir o ritmo natural do sono proporcionam inúmeros benefícios, como o fortalecimento da memória, a preservação da saúde mental e até a prevenção de doenças neurodegenerativas. No entanto, a rotina de descanso de um dos maiores gênios da ciência, Albert Einstein, parece ter levado a importância desse momento a um nível ainda maior: há relatos de que ele dormia, no mínimo, 10 horas por dia.

Esse tempo de sono é quase o dobro do tempo da maioria dos brasileiros, já que mais de 60% da população do país descansa, em média, entre 4 e 6 horas por noite. Além disso, ele complementava esse hábito com cochilos curtos de 20 minutos — ou, em alguns casos, de apenas um segundo — ao longo do dia.

Reza a lenda que, para garantir que não dormisse além do necessário, ele adotava um método curioso: repousava em sua poltrona segurando uma colher sobre um prato de metal em seu colo. Assim, ao adormecer por um instante, os objetos caíam no chão, produzindo um som estridente que o despertava imediatamente, funcionando como um despertador improvisado. Isso demonstra o quanto o criador da Teoria da Relatividade priorizava uma rotina de descanso equilibrada.

No fim de sua vida, enquanto trabalhava na Universidade de Princeton, sua rotina diária era bastante simples. Einstein costumava acordar por volta das 9h, tomar café da manhã e ler os jornais. Em seguida, caminhava até a universidade, onde permanecia por apenas duas horas. Depois, retornava para casa e dedicava as tardes às suas pesquisas. O cientista sempre deitava pontualmente às 23h, garantindo suas dez horas de sono todas as noites.

Seu longo período de descanso era tão essencial que, segundo relatos, contribuiu para algumas das descobertas mais importantes de sua carreira. Em uma noite, Einstein sonhou que descia uma montanha coberta de neve em um trenó que ganhava uma velocidade jamais atingida. O ritmo era tão intenso que o trenó acabou alcançando a velocidade da luz, fazendo com que todas as cores se fundissem em uma. De acordo com pessoas próximas a ele, esse sonho teria sido o ponto de partida para seu interesse pelo estudo da velocidade da luz.

Em outro sonho, ainda na adolescência, Einstein se viu em uma fazenda de gado. Do outro lado de uma cerca elétrica, um fazendeiro acionou a corrente, fazendo com que as vacas reagissem. Do ponto de vista de Einstein, todos os animais saltaram simultaneamente. No entanto, para o fazendeiro, eles pularam em sequência, como um movimento de onda. Ao despertar, o jovem físico percebeu que essa experiência ilustrava o princípio da relatividade. Bem, pelo menos, é essa a história que ele contava. Einstein possuía a capacidade de recordar seus sonhos com uma clareza impressionante.

A ciência do sono

Uma pesquisa conduzida em 2004 por um grupo da Universidade de Lubeck, na Alemanha, envolveu voluntários em um jogo de números. Os pesquisadores explicaram as regras básicas, mas o jogo escondia uma “regra secreta” que, se descoberta, proporcionava um entendimento muito mais profundo da dinâmica e garantia maior agilidade ao jogador.

A maioria conseguiu aprender as nuances do jogo com o tempo e a prática, mas sem entender a “regra secreta”. No entanto, após um período jogando, alguns tiveram permissão para dormir, enquanto outros permaneceram acordados. Um teste realizado 8 horas depois revelou que aqueles que haviam descansado tinham mais que o dobro de chances de entender a dinâmica escondida em comparação com os que continuaram ativos.

Os resultados reforçam a importância da manutenção dos ciclos de sono, que ocorrem em duas fases principais: REM (sigla para Rapid Eyes Movement) e não REM. A cada 90 a 120 minutos, o cérebro alterna entre o sono leve, o sono profundo e uma fase associada aos sonhos. Para um sono ser considerado “adequado”, é necessário que ocorram de quatro a seis ciclos completos.

sono não-REM, que precede a fase dos sonhos, é caracterizado por picos de atividade cerebral intensos, chamados de “eventos de fuso”. Essas explosões começam com uma onda de energia elétrica gerada por disparos rápidos em áreas profundas do cérebro. Pesquisas indicam que indivíduos com mais eventos de fuso tendem a possuir uma maior “inteligência fluida” – que envolve a habilidade de resolver problemas, aplicar lógica e reconhecer padrões. Esse tipo de inteligência parece estar diretamente ligado a esses processos cerebrais.

Então, suas habilidades eram resultado de seu sono disciplinado?

Não há como afirmar que a capacidade lógica de Einstein vinha das longas horas com a cabeça no travesseiro. Até porque, outros gênios conhecidos, como Leonardo da Vinci Thomas Edison, viam o sono como “uma perda de tempo” e adotavam a técnica do sono polifásico, dormindo apenas 2 horas por noite.

Certamente, uma boa noite de sono desempenha um papel fundamental na regulação do sistema nervoso, no fortalecimento da memória e nas funções cognitivas. Segundo a Associação Americana do Sono, a quantidade ideal de sono varia conforme a idade, sendo que, para a maioria dos adultos, o recomendado é de 7 a 8 horas por noite. Quando o sono é inadequado, ele pode ter efeitos negativos na saúde, especialmente a longo prazo.

Então, na próxima vez em que você se sentir culpado por tirar um cochilo rápido ou dormir algumas horas a mais, lembre-se de Einstein e suas 10 horas de sono. Todo gênio também precisa de um bom descanso!

(Por Redação Galileu)