Gabrielle Coury

Em todo o mundo no mês de outubro o assunto é Dislexia, países de todos os continentes se unem em uma só voz para levar a mensagem de que as pessoas com dislexia precisam ser respeitadas em suas singularidades. E você sabe o que é essa tal dislexia?

Descrita por um médico inglês em 1896, inicialmente conhecida como cegueira para letras, chegou em 1975 no Brasil, e até os dias atuais temos milhares de pessoas que não conhecem essa condição humana.

Conforme o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5° edição), Transtorno Específico de Aprendizagem, é definido por déficits específicos na capacidade individual para perceber ou processar informações, sendo estas as habilidades básicas acadêmicas de leitura (Dislexia), escrita (Disortografia) e matemática (Discalculia).

A Associação Brasileira de Dislexia considera a Dislexia do desenvolvimento um Transtorno Específico de Aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração. Essas dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas.

O fato é que a Organização Mundial de Saúde considera uma prevalência de que 10% da população mundial tem dislexia. No Brasil, temos cerca de 20 milhões de brasileiros disléxicos. Uma projeção em Mato Grosso aponta que são aproximadamente 300 mil disléxicos. Muitos adultos podem ter dislexia e não sabem, muitos jovens acabam abandonando a escola devido a dificuldades de ler e escrever e podem ter dislexia. O impacto social que a falta de esclarecimentos sobre a dislexia leva crianças e jovens a um grande sofrimento escolar. A identificação de sinais e o diagnóstico diferencial são fundamentais para que a população disléxica tenha seu direito a educação.

Em Mato Grosso, um grupo de mães se uniu para lutar pela inclusão e fundou a Associação Mato-Grossense de Dislexia (Dislexia-MT), formada por disléxicos, suas famílias e amigos. A entidade vem trabalhando desde 2014 na divulgação desse transtorno, com realização de palestras em escolas, campanhas de conscientização, acolhimento, orientação das famílias e traz todos os anos um grande evento na Assembleia Legislativa para que professores, profissionais de saúde e famílias conheçam as especificidades e façam a diferença na vida dos disléxicos: é o Simpósio sobre Dislexia, que neste ano traz o tema “Desvendando os Transtornos de Aprendizagem” e é coordenado pelo deputado estadual Wilson Santos.

O Dia Mundial da Dislexia é uma oportunidade crucial para aumentar a conscientização sobre essa condição e suas implicações na vida de milhões de indivíduos ao redor do mundo. Ao promover o entendimento e a aceitação da dislexia, podemos transformar o estigma em empatia e encorajar a inclusão nas escolas e na sociedade em geral.

A dislexia não é um reflexo da inteligência ou da capacidade de um indivíduo, mas sim uma forma única de processar a informação. Investir em iniciativas de conscientização, oferecer apoio adequado e garantir acesso a recursos educacionais são passos fundamentais para criar um ambiente mais justo e equitativo. Neste dia, ao celebrarmos a diversidade das competências, lembremos que cada pessoa, independentemente de suas dificuldades, possui um potencial inestimável e uma contribuição única a oferecer ao mundo!

Gabrielle Coury de Andrade é presidente de Honra da Associação Mato-Grossense de Dislexia, membro do Grupo Nacional Mães do Brasil Dislexia, bióloga, especialista em políticas públicas, mãe de uma jovem com dislexia.

email: dislexiamt.associacao@gmail.com

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias Cuiabano News